segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Jingle Hell



So this is christmas! Com um Papai Noel a cada esquina é praticamente impossível não notar que é Natal. Em qualquer lugar que você vá, lá está ele, parado na calçada com seu sino, sino pequenino, sino de Belém. Quase quarenta graus em terras gaúchas e o coitado derretendo dentro da roupa vermelha aveludada.

_Ho! Ho! Ho! Vamos entrar, senhora! Oferta de Natal! É só hoje: absorvente Always sem aba...Ho! Ho! Ho!

Absorvente? Que papo é esse? Não quero nem estar perto quando ele anunciar a promoção de "Viagra".

_Ho! Ho! Ho! É promoção: Viagra baratinho, pro seu p** ficar durinho!

E viva o espírito natalino! Na loja seguinte, uma livraria, o Noel local deve ter uns 50 kg. O cinto que ele usa daria pra segurar a barriga de uns quatro papais-noéis ao mesmo tempo.

_Olha a balinha para o nenê! Ho! Ho! ho!

E o nenê se assusta com aquela figura esquálida, barba grosseira de algodão, por onde mal se enchergam os olhos. A mãe, constrangida, toma a criança no colo rapidamente e se afasta, tentando fazer com que ela pare de chorar. Inútil tentativa. Passo e tomo a bala do Bom Velhinho somaliano. Ele me deseja um "Feliz Natal" sem graça alguma, olhando pra mim como se pedisse desculpas pelo fato de ser tão feio e magro para um Papai Noel.

Antes de voltar pra casa, dou uma passada rápida no mercado. No final da escada rolante, um outro Noel. Esse parece mais tranqüilo e disposto. Talvez seja a boa refrigeração do ambiente. Enquanto espero na fila do caixa, observo seu trabalho. Nada muito complexo: pirulito para as crianças e olhares lânguidos para as moças bonitas. Ao sair, ainda pude ver o Noel Erótico oferecer o número do seu celular para uma outra coitada.

Não adianta, eu detesto o Natal com toda a sua hipocrisia.